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06 de julho: Eila Ampula completaria 106 anos. Conheça a história da artista:

Eila Ampula: além da arte

por Gabriela Ferreira


Uma artista tão marcante, amava a pintura a óleo e descobriu na tecelagem aquilo que levaria seu nome ao mundo. Seus traços, cores e formas de representar a natureza e as pessoas vão além de uma simples representação. Eila fazia com tiras de tecido, verdadeiras obras de arte, ela pintava com os panos. Mas vamos à sua trajetória desde o início.


Sua história se mistura com a da Colônia Finlandesa de Penedo. Nascida no dia 6 de julho de 1916, em Tampere, na Finlândia, Eila Ampula chegou a Penedo aos13 anos de idade, acompanhada dos pais, que integraram o grupo pioneiro do finlandês Toivo Uuskallio, que fundou Penedo.

Eila repetiu de ano no colégio. Então pros pais aquilo foi uma vergonha muito grande, então, para eles, não bastava mudar de colégio, a família tinha que mudar era logo de país. No Brasil, a vergonha viraria orgulho. Anos depois, a menina representaria o país com sua arte.

Eila amava o Brasil. Não gostava nem um pouco do frio da Finlândia então adorou o clima tropical daqui. Ela começou sua vida artística com pinturas a óleo e essa era sua verdadeira paixão. Pintou telas incríveis.


Certa vez, seus trabalhos foram mostrados para Portinari, e ele, sem titubear, disse que ela não devia fazer outra coisa na vida a não ser pintar. E sim, Eila nunca deixou suas tintas à óleo. Depois, passou a criar peças de baixo relevo de cimento. Pesadas e lindas. Tudo o que fazia era muito belo.


Mas, não vendiam, as vendas eram muito fracas. A família precisava pensar em algo para o sustento. Sendo assim, em meados de 60, seu marido Martti Ampula teve a brilhante ideia de incentivar a esposa a começar as pesquisas de tecelagem. Então Eila começou a reproduzir suas pinturas e desenhos. Viraram preciosas tapeçarias.


As peças foram vendidas para o mundo inteiro. No Palácio do Planalto, em Brasília, o maior orgulho: os dragões da independência. Há peças de Eila pelo mundo e diversas celebridades e importantes instituições já adquiriram suas tapeçarias.


Suas obras ficaram conhecidas mundialmente, e ela teve exposições na Suécia, na própria Finlândia, nos Estados Unidos e também no Japão. Em uma das exposições na Finlândia, Eila simplesmente vendeu todas as peças expostas. Pelo seu destaque e ilustre trabalho, a artista recebeu a medalha de honra da Ordem dos Cavaleiros do Leão da Finlândia, concedida pelo próprio embaixador por ordem da presidenta da época.


Eila não era uma artesã, nunca teceu uma peça. Ela desenhava cada uma, pensava, escolhia cada fio de cor e como afirma sua filha “sabia que era uma grande artista”

Foi uma das entrevistadas no programa do Jô.


E deu uma entrevista super divertida, mostrando suas tapeçarias e as tradições da cultura finlandesa, em Penedo. Lá, ela dançou tango com Vicente. A entrevista foi tão marcante que Eila foi citada no livro do famoso apresentador. Em um trecho de O livro de Jô -: Uma autobiografia desautorizada, Volume 2, ele cita “gente como a velinha nascida na Finlândia, Eila Ampula, que tomou cerveja durante a gravação e deu uma entrevista divertidíssima (eu havia feito uma pergunta boba e depois me desculpei. "Foi uma pergunta idiota" Ela respondeu: "Muito").

Vocês sabiam que além dessa grande artista, seus pratos eram muito recomendados. Eila cozinhava muito bem, mas não gostava de ir para a cozinha não.


Apaixonada por cores, viagens e dança. Certa vez, ela realizou um sonho. Passou uma semana em uma tribo indígena. E sobre sua paixão pela dança. Desde pequena sonhava em ser bailarina, mas o tipo físico, tão exigido na época, a atrapalhou na realização desse sonho. Amava tango e o parceiro preferido, seu Vicente. Sem falar no quanto amava os bailes do Clube Finlândia.


Gostava tanto de dança que pintou e fez tapeçarias de bailarinas e até em seu túmulo gravou essa marca. Ela mesmo colocou uma bailarina no local. Uma peça de concreto, baixo relevo que ela mesmo criou.


Eila tinha muito gosto por leitura e por estudar. Queria sempre aprender algo novo. Aos 80 aprendeu a mexer no computador, tocar teclado e a mexer no Corel Draw. No programa fez vários desenhos que ilustraram tapeçarias, camisetas. E que trabalho incrível, como sempre. Mas, sem dúvidas, Eila amava mesmo era pintar. A tapeçaria lhe dava o sustento, mas a paixão estava mesmo, desde sempre na tinta a óleo sobre as telas.

Aos 82, Eila lançou o livro Memórias da Imigrante. E ela mesmo desenhou as ilustrações para a obra. Sete anos depois, sua filha Laura, começou a estranhar o fato de Eila andar meio esquecida e ter passado a responder em português dentro de casa. (Elas só falavam finlandês dentro de casa) Depois de algumas consultas, Eila foi diagnosticada com Alzheimer e aos 92 anos, no dia 20 de novembro de 2008, Eila nos deixa.

Neste vídeo, produzido pela jornalista e acadêmica da Academia Itatiaiense de História, Gabriela Ferreira, você pode conferir depoimentos exclusivos da filha de Eila, Laura Ampula. Com as memórias de Laura, descubra uma Eila muito além da artista e das tão famosas tapeçarias. Laura esteve ao lado da mãe até seu último respirar e hoje mantém um arquivo impressionante da história, carreira e vida de Eila.







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